Portugueses desconhecem obesidade como doença

Cerca de 16% dos português são obesos, mas apenas 3,9% reconhecem a obesidade como uma doença crónica. Este é um dos dados do 4º Inquérito Nacional de Saúde -2005/2006, realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e Instituto Nacional de Estatística (INE).Comparativamente com os dados de 1998/1999 a percentagem de população com excesso de peso aumentou 0,5% e os obesos 2,7%. De salientar que estes dados são obtidos durante um questionário feito "in loco", determinando o índice de massa corporal através do cálculo feito entre o peso e a altura. "Deste modo foi possível observar que poucos são os que têm consciência que se trata de uma doença, uma vez que, quando questionados se sofrem de obesidade, como doença crónica, apenas 3,9% dizem que sim", referiu Carlos Dias, um dos responsáveis pelo estudo.Este inquérito, que tem por objectivo caracterizar a população portuguesa face à saúde em geral, foi feito através de entrevistas a 15.457 famílias, nas suas residências, por técnicos especializados, "tendo por isso a vantagem de representar toda a população, o que não aconteceria se fosse realizado em hospitais ou centros de saúde", salientou o especialista, referindo ainda que o cruzamento dos diferentes dados permitirá uma leitura mais aprofundada da situação.Em relação ao excesso de peso, ou obesidade, Carlos Dias, adianta que estes resultados por si só, podem ser um ponto de partida de estudo para os diferentes programas nacionais contra a doença, para avaliarem qual a informação que chega às pessoas.Outro dos dados do inquérito revela que há um maior número de pessoas a consumir bebidas alcoólicas. "Este indicador quando cruzado com os dados internacionais, que referem que o consumo "per capita" tem vindo a diminuir, permite-nos dizer que cada vez mais indivíduos consomem bebidas alcoólicas", referiu o especialista do INSA. Este aumento é mais notório nas mulheres, o que de acordo com diferentes teorias é mais grave, uma vez que o seu metabolismo em relação ao álcool é mais lento, mantendo-se os efeitos negativos no organismo por mais tempo. O consumo do tabaco, analisado noutra fase do inquérito, indica que Portugal segue a tendência internacional de decréscimo de consumo, especialmente nos homens. "Esta descida é o reflexo da epidemia, com as doenças associadas a este consumo. Os homens são mais atingidos do que as mulheres. Nas mulheres, este reflexo será notado daqui a dez anos", sublinhou, acrescentando que curiosa é a "prevalência de fumadores nos Açores".

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